Te quero,
te sinto
meu absinto proibido
Abre o cinto do tempo
solta o instinto
como rio noturno
que rompe margens
e devora a terra
com sede antiga
Te beijo
como quem rouba o ar
e devolve em fogo
Te mordo
como quem grava na pele
o mapa secreto do desejo
Entre nós
o ar se torna chama
a carne aprende
a linguagem secreta das constelações
Te aperto
como quem segura um relâmpago
mesmo sabendo que vai queimar
Cada suspiro é um cometa
riscando o céu do teu corpo
antes de morrer em luz
sobre mim
E quando o último gesto se fechar,
o mundo será apenas
um eco distante
e nós —
a única verdade
que ardeu inteira
e se fez eterna.